Minha memória nunca foi boa. Em relação à leitura então, nem se fala. Estou entre os brasileiros que leem 2,1 livros integralmente por ano, segundo dados da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, encomendada pelo Instituto Pró-Livro (IPL) ao Ibope Inteligência, de novembro de 2011. Lembro que tínhamos, eu e minha irmã, a coleção completa de Monteiro Lobato. Não sei qual a sua procedência, quem nos presenteou. Recordo apenas de algumas figuras vistas nos livros, especialmente da do minotauro. Se não fosse "O Sítio do Pica-pau Amarelo", da TVE, conheceria aqueles marcantes personagens somente através de conversas com amigos.
De fato, nunca tivemos grande incentivo para a leitura lá em casa. Incentivar leitura vai muito além de dar livros a uma criança. Meus pais também não tinham esse hábito: recordo vagamente de vê-los ler um livro ou uma revista. Herança maldita. Talvez por isso, hoje eu tenha dificuldade de concentração e leia com lentidão.
De fato, nunca tivemos grande incentivo para a leitura lá em casa. Incentivar leitura vai muito além de dar livros a uma criança. Meus pais também não tinham esse hábito: recordo vagamente de vê-los ler um livro ou uma revista. Herança maldita. Talvez por isso, hoje eu tenha dificuldade de concentração e leia com lentidão.
Retirada de blog Wdicas |
Quando criança, costumava comprar fiado revistas de jogos de palavras (cruzadas, por exemplo) numa banca próxima que minha mãe tinha conta, sempre acompanhadas de um chocolate Lollo. Adorava comê-lo enquanto preenchia os jogos. Este hábito teve fim quando minha mãe recebeu a conta mensal da banca de revistas e não gostou nadinha. Lembro também de comprar revistas de anedotas, algumas bem picantes, e em quadrinhos, especialmente Turma da Mônica. Nunca gostei de Tio Patinhas, Zeca Carioca e companhia. Para minha prima, 5 anos mais nova, costumava ler histórias infantis. Gostava de ler os diálogos, incutindo teor dramático à narrativa e dando tom e formas diferentes aos diálogos. Recriava as histórias e os personagens. Um toque pessoal.
Mais tarde, no colégio, através das aulas de Literatura, apaixonei-me por versos de Fernando Pessoa e outros poetas existencialistas. Aventurei-me no ramo e escrevi alguns poemas aos 17 e 18 anos de idade. Um deles, inclusive, publiquei aqui no blog. Apesar desse gosto pela poesia, nunca fui afeito a livros, principalmente os romances que a professora pedia para ler. Sempre os achava chatos. Na verdade, eu tinha dificuldade para entendê-los. Faltava melhor contextualização da época. Faltava, sobretudo, o ensino da leitura. Uma análise crítica dos romances viria a calhar, não apenas a identificação de características do movimento literária ao qual pertencia.
O fato é que interrompi minha carreira de poeta devido ao vestibular e à faculdade de Computação, que dizem até hoje ser da área de exatas. Atualmente, com o intuito de compensar o tempo perdido, tenho lido mais e, com isso, aumentado ainda mais minha curiosidade. A faculdade de Artes, na UFBA, tem me ajudado bastante neste processo. E, por isso, fico me perguntando por quê cargas d'água exatas, e não humanas, foi a minha área escolhida aos 18 anos. Ah, maldita pressão social que obriga os jovens a decidir tão prematuramente o que fará nos muitos e longos anos seguintes...
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